terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um dia...

Quero ver com os meus olhos este lugar


Chris graduou-se em História e Antropologia. Apesar de filho da classe média alta e com graduação universitária, escondia um crescente desprezo pelo materialismo vazio da sociedade americana. Logo após acabar o curso na Universidade de Atlanta, em 1990, Christopher doou os 24 mil dólares que tinha no saldo bancário a instituições de caridade e desapareceu sem avisar a família. Nunca mais voltou para casa.

Devido a um problema com o seu velho carro, Christeve que abandoná-lo, mas isso não o impediu de continuar sua jornada. Encarou a situação como um sinal do destino e, abandonando junto ao automóvel grande parte dos seus pertences e queimando todo o dinheiro que trazia consigo – cerca de cento e vinte e três dólares –, Chris partiu a pé em direção ao Oeste, adotando um novo estilo de vida, no qual era livre e assumia o nome de Alexander Supertramp. Apenas a sua irmã Carine recebia uma carta de vez em quando, e mesmo ela não sabia a sua localização.

A sua personalidade forte, muito inteligente e simpática cativava a todos que encontrava no caminho, chegando de carona até o Parque Nacional Denali, um caminho que levava ao interior do Alasca. A única comida que levava era um saco com cinco quilos de arroz e o seu equipamento era inadequado para a sobrevivência. Ainda assim, estava determinado, e nada o faria desistir.

Alimentou-se do que trazia e do que colheu na natureza, tal como de alguns animais que caçou com sucesso. Leu vários livros, rabiscando-os com pensamentos próprios sobre a vida. O seu diário contém registros cobrindo um total de 113 dias diferentes, que cobrem do eufórico até ao horrível, de acordo com a mudança de sorte de McCandless.

Chris passeou por diversos bosques, mas o local onde permaneceu mais tempo foi logo abaixo da Cordilheira Externa, onde ainda hoje se encontra um ônibus abandonado, de número 142 do Fairbanks Transit System, que serviu de residência a Chris, onde pernoitou e desenhou algumas frases no seu interior, como: “(…) SEM JAMAIS TER DE VOLTAR A SER ENVENENADO PELA CIVILIZAÇÃO, FOGE E CAMINHA SOZINHO PELA TERRA PARA SE PERDER NA FLORESTA”.

Permaneceu cerca de quatro meses nas montanhas, sobrevivendo à custa do que encontrava, totalmente sozinho. Em 6 de setembro de 1992, dois trilheiros e um grupo de caçadores de alce acharam esta mensagem na porta do ônibus:

"S.O.S. Preciso de ajuda. Estou aleijado, quase morto e fraco demais para sair daqui. Estou totalmente só, não estou brincando. Pelo amor de Deus, por favor, tentem me salvar. Estou lá fora apanhando frutas nas proximidades e devo voltar esta noite. Obrigado, Chris McCandless."

O seu corpo foi encontrado em decomposição, embrulhado num saco-cama no interior do ônibus, já morto há cerca de duas semanas. A causa oficial da morte foi inanição. Porém, alguns pensam que foi envenenado acidentalmente por algumas sementes que ingeriu. Nunca se saberá bem a verdade.

Mas Chris McCandless morreu feliz. Ele próprio afirma em uma entrada no diário, percebendo o seu fraco estado de saúde: “Tive uma vida feliz, e agradeço ao Senhor. Adeus e que Deus vos abençoe a todos”.

O ônibus abandonado onde McCandless acampou tornou-se um ponto turístico de aventura. Porém, alguns alasquianos possuem uma opinião negativa tanto de McCandless como daqueles que romantizam a sua morte “Tem-se que ser um completo idiota, para morrer de fome no verão a 30 km de distância da estrada do parque.” dizem eles.

Muitos admiram a sua coragem inabalável de viver com simplicidade, aproveitando as pequenas coisas da vida, sendo completamente livre. Os dois anos de sua jornada servem ainda hoje de exemplo para milhares de jovens que decidem mudar não só o seu futuro, mas também o seu presente. O radicalismo de McCandless foi um ato de liberdade numa sociedade que diluiu o indivíduo à escala de um número de segurança social.

Fonte: Livro “Into The Wild – O Lado Selvagem”.

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